sexta-feira, 27 de abril de 2012

Traz a pipoca

Técnica correta

Tive um professor na faculdade que certa vez disse:

"- Passo com excelência todo o conteúdo de minha disciplina em apenas 24hs, vocês entram aqui hoje às 8hs da matina e saem às 8hs amanhã e fim de papo."

Quando a turma começou a dar risada ele completou:

"-Mas tenho certeza que vocês não irão aprender. Aprendizado requer maturidade, tempo de estudo, tempo para assimiliar o que foi passado"

 Nessa hora a turma ficou calada e não falhando a memória, essa aula foi uma das melhores. Toda a galera sedenta pelo conhecimento daquele professor, ou melhor, maestro. O cara é fera. Pena não ter tido a chance de remar ou fazer uma pescadinha com ele...(será que ele rema?)

Todo dia esse ensinamento fica mais evidente.
      Sempre ato um hopper para pescar peraputanga, e o de amanhã é sempre melhor que o de hoje (menor quantidade de linha, mais equilibrado, melhores proporções...).
     Na madrugada gosto de fazer café, e o de hoje foi melhor que o de ontem (até mamãe elogiou...).
     A segunda passagem pela corredeira é sempre melhor que a primeira, o cérebro já assimilou o tempo da marola, o adernamento do caiaque e parece que a passagem fica até mais graciosa.

O brazilian way of life me iniciou na canoagem:
  Comprei um caiaque SOT e sai remando. Depois desci umas corredeiras com ele, achei o máximo. Comprei um caiaque fechado, dizia o vendedor que era um caiaque para corredeiras, o bixo da goiaba, um verdadeiro white water...
Encontrei pelas pedras e caminhos um caiaque importado, melhor de todos, usado pelos Top 10 Master Excellents Fodation Ultra Kayakers...
Ah, e tem o remo também...fibra de carbono, levíssimo e resistente. E claro, também usado pelos Top 10 Master...

E assim foi. Vendi, comprei, troquei e a técnica continuava a mesma, ou seja, uma porcaria.
Duas passagens me marcaram. Passei belos cagaços dropando cachoeira e bebendo alguns litrinhos de água de uma corredeira no nortão. O brilho nos olhos começou a embaçar...já não tinha o mesmo tesão.

Vendi tudo. Só ficou o remo, xodó..sabe como é.

Mas a tal da canoagem é igual a máfia.


Voltei a conversar com um instrutor de canoagem. Caboclo sabe das coisas, credenciado pela ACA - American Canoe Association- , já fez várias expedições solo (coisa >700Km!!! Solo!!!), produz caiaques, viaja o mundão pra ensinar a galera...o homem tem catiguria e sabe do que fala.

Ficamos naquele namoro danado até que fui lá na terrinha dele, fazer uma visita. 
Dois dias de curso. 48hs comendo canoagem, dormindo canoagem e respirando canoagem.
Gente de SP, RJ, MG (e claro MT) na mesa fissura: Remar!!!

O primeiro dia foi super sussa.

O cara destrincha o caiaque, dá nome aos bois e faz você conferir na prova dos 9.
Testei inúmeros tipos de caiaque (acho que foram uns 7), e pra cada caiaque era uma sabatina:
O que acha da estabilidade?
Faz curva pra esquerda!!! Deita um pouco mais, mais um pouco...mais...
Como tá o assento? Tá mais alto? Mais confortável? Mudou alguma coisa?

O tipo de instrução faz você descobrir as diferenças de cada máquina.
Segundo o teacher, quando VOCÊ descobre, a chance de aprender é de 80%.
Que maravilha!!!

Depois, a tal da remada. Forma de trabalhar o tronco, mergulhar o remo na água, postura...

Equipamentos de proteção, ejetar do caiaque, voltar para o caiaque, secar o caiaque...o primeiro dia foi carregado, mas tranquilo. Tempo suficiente para assimilar tudo. Lembrei: Maturidade!!!

O segundo dia foi um lapidação de alguns movimentos e início do aprendizado sobre rolamento. Acredite se quiser: O trem é fácil!!!
Fizemos uma remada de 10Km. Nada de dor no corpo!!! O que a técnica não faz...

Voltei pra casa feliz, realizado.
Agora sim. TÉCNICA CORRETA, nada de survival.

Basta treinar, treinar, treinar, treinar e      treinar!!!




Quer sentir prazer em remar? Procure um profissional. Evite despesas.





-Por favor, desce um desse












-Outro desse













-Como o senhor vai pagar?

-Parcela em quantas mesmo?

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Review Scott Warm Water Special 806/3

Era uma vez, em setembro de 2011, uma pescaria no Paraná...

Aproveitando uma viagem para visitar os avós, marquei uma pescaria de robalo. Era a chance de conhecer um pescador gabaritado, aprender "as manhas" e pegar um robalo na catiguria.
Levei uma Sage Xi2 #8, um verdadeiro taco de sinuca. É uma boa ferramenta para minhas pescarias de dourado no MT (andinão, linha sinking...e braço), mas perde-se o feeling numa pescaria tão técnica quanto à do robalo no mangue.
       Aprendi o tal do fly meio na marra: Fiz um curso em SP, comprei um equipo baratex e ficava viajando na batatinha num campinho ao lado da república no tempo da faculdade.
Como não havia ninguém na cidade pra falar do assunto, adquiri um monte de vícios. O primeiro foi o tal do não saber arremessar com o vento lateral, o resultado foi mudar de mão. Sendo assim, se venta ou se estou pescando com um companheiro dentro do barco e ele está no lado direito, passo a arremessar com a esquerda (vai que o cara não curte a idéia de brinco...). O grande problema é quando pego essas cañas pesadas, linhas sinking...é óbvio que a mão esquerda não tem a mesma habilidade da direita, e o arremesso fica meio "29 - 30", "sambanga".

" E O QUE ESSA BABOSEIRA TODA TEM COM O REVIEW DA SCOTT ????"

"Carma"

Nessa pescaria no PR, o cara tinha levado uma Sage Bass (release II...rs). Lá no final da pescaria, o maledeto já tinha sacado que os arremessos estavam deixando a desejar e ofereceu para teste: Fiquei impressionado, equipamento leve, curtinha e arremessava que era uma beleza. Troquei de mão e o negócio continuou bacana.

Na volta da pescaria, na rodovia eu já vinha matutando: Aquele canicinho pra pescar peraputangas na corredeira ia ser show.
A merda estava feita. Algumas "oncinhas" iam virar equipamento de pesca.
Fiz o compromisso, comigo mesmo, de vender algumas tralhas paradas e aí sim comprar a tal Sage Bass.

"Pqp....não era causo da Scoti???"

"Carma!!! Eu num acabei de conta o causo"

Vendi a tralha parada e comecei a negociar a varinha.
Num dia, o dealer publica a foto de uma Scott WW no seu blog e fala algumas poucas palavras, bastou para eu ficar na dúvida: Sage Bass ou Scott WW ???
Mandei um email perguntando do equipo e só ouvi coisa boa, a única coisa que me desagradou foram as últimas palavras: "Scott não fabrica mais ela. Vou checar se ainda tem alguma coisa na fábrica..."

Fiquei na fissura, rezando pra São Pedro, fazendo promessa...
O tão esperado email chegou e o negócio foi feito: Scott WW Special 806/3.

Meses e meses de espera. Neura total. Li de tudo que tinha que na net sobre o caniço (pra quem tem vontade de adquirir uma bass rod: http://www.flyfishohio.com/Bass_Rod_Review.htm ).

O que vale chegar na festa, e já sair com a mais bela ??? Nada!!!
O gostoso é a adrenalina, rock total, aquele "será que vai dar merda ou ela vai topar???"...e não foi diferente com o caniço.
Na semana da entrega, pescaria marcada e nada do equipo chegar dos States, e só coisa ruim acontecendo: Erro na postagem, tia Dilma segurando carga...
Moral da história: Cerquei o carteiro aos 45 do segundo tempo!!! Maior luta pra liberar a encomenda!!! No final tudo certo...Obrigado, Papai do Céu. Quem tem padrinho não morre pagão.

"Caboclo, ocê vai ou num vai falá do caniço??? Tô indo imbora..."

"Vou!!! Se assenta aí e matuta o desfecho!!!

Abri o embrulho e já fiquei impressionado com o tubo de proteção. Alumínio com um tratamento superficial sinistro, algo parecido com epoxi. Nada de tampa com zipper e sim um belo trabalho de torno, com direito a recartilhado.

O pano de proteção com o logo Scott bordado foi o top.....ADOREI

Varinha bonita, sem pintura, passador estilo salt water, reel seat fosco, fighting butt...um equipamento com cara de águas brasileiras.

Para a pescaria-test drive o conjunto pra casar com a Scott:
   Carretilha Hardy Ultralite 6000DD (balanço extremo com a WW Special!!! "Felomenal");
   Linha Royal Wulff TT Bass #7;
   Líder de 8 pés (0,45 - 0,40 - 0,35mm ; tippet de fluor...esqueci a bitola);
   Mosca: Pera´s Hopper http://i205.photobucket.com/albums/bb108/Cuiabano/ch002.jpg  by EU.

A varinha é literalmente PROGRESSIVA. Nada de taco de sinuca!!! É algo como: "Tá querendo mais baby??? Então toma!!!"
Quanto mais se pede do blank mais a danada trabalha.
O taper associado aos 8 pés mata à pau o quesito precisão. Colocar a mosca lá dentro do saran não é mais missão cracolândia.
Na ferrada, a Scott mostra que tem punch e segura legal. Quando o bitelo cisma em muntá numa bicicreta sem frei e sai rasgando braquiara adentro, a WW Special trabalha suave!!! Nenhum tippet arrebentado!!!

Já dizia aquele doido que quanto menor a massa, menor a inércia. E não foi aí que a física falhou: Os 8 pés ajudam demais no pick up. Nada de ficar fazendo false cast, o que pega peixe é mosca na água.

Pra quem pesca embarcado é normal cruzar a caña no barco para trocar de isca ou fazer algum reparo (apoiando a rod entre as duas bordas da embarcação), mais um ponto pro fighting butt. Nada de carretilha pra fora da canoa.

Três partes: Suficiente!!!

União das partes: O tal do ESPIGÃO.
Fiquei meio encabulado entre haver um espaço entre as partes, aquela imagem de uma lacuna...mas depois de um dia inteiro de pescaria numa lua de 40°C as partes ainda estavam extremamente firmes. Na hora de desmontar, não houveram aqueles emperramentos que enchem o saco no final da pescaria. Saiu na tranquilidade.
Trem esquisito: num solta mas é fácil desconectar.
Nota 10 pra esse tipo de união.


Enfim, essa Warm Water Special é o "ó" do borogodó, o bixo da goiaba, a última bolacha do pacote...tudo de bom.

Quem tem, tem e quem não tem...??? Salci fufu!!!


Na seriedade:
Não sou flyfisherman Sage-Gloomis-Scott-Winston...pro staff fodão. São impressões de um leigo.
Se você está querendo adquirir bom equipamento e realmente quer sanar dúvidas técnicas, procure um bom profissional.
Esse blog tá mais pra literatura de cordel.

Hasta luego!!!